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No cenário da Internet brasileira, alcançamos recentemente um marco significativo: mais da metade dos usuários agora utilizam o protocolo IPv6! Essa informação é fornecida pelo Google e pode ser verificada em:

https://www.google.com/intl/en/ipv6/statistics.html#tab=per-country-ipv6-adoption.

O Google realiza esse tipo de medição e divulga os resultados continuamente, baseados na utilização de seus aplicativos. Isso significa que a empresa percebe mais da metade dos usuários brasileiros utilizando o protocolo IPv6 ao acessar o buscador e outros serviços. Qualquer administrador de website pode levantar estatísticas do mesmo gênero ao analisar os logs do servidor web, por exemplo. Para o usuário da Internet é tudo transparente, ao acessar por exemplo o site https://google.com/ o dispositivo encontra um endereço IPv4 e outro IPv6, mas prefere o IPv6 por padrão! Ou seja, a troca de informações se dá por IPv6 automaticamente, se ele estiver disponível.

Este feito, do Brasil ter já mais da metade dos seus usuários utilizando IPv6, não é apenas mais um número na estatística global de adoção da tecnologia, mas também um testemunho do esforço contínuo e colaborativo entre provedores de Internet, organizações técnicas e a comunidade em geral.

O IPv6, sucessor do IPv4, surgiu da necessidade de expandir o espaço de endereçamento na Internet. Com o esgotamento dos endereços livres no IPv4, o que já está causando diversos efeitos negativos, o IPv6 representa uma solução robusta e necessária, oferecendo um número quase ilimitado de endereços para a expansão contínua da rede global. No Brasil, a transição para o IPv6, embora mais lenta do que os seus incentivadores gostariam que fosse, tem sido uma jornada com avanços significativos, muitas vezes silenciosos, graças ao empenho de várias entidades, incluindo o NIC.br, que tem sido um pilar nesse processo.

Nos últimos anos, o NIC.br desempenhou um papel crucial na promoção e facilitação da adoção do IPv6 no Brasil, trabalhando em estreita colaboração com diversas instituições para garantir a modernização e o crescimento sustentável da infraestrutura de Internet no país. Desde tornar-se distribuidor oficial de blocos IPv6 até lançar cursos e eventos educativos, o NIC.br liderou uma série de iniciativas para incentivar a transição para o novo protocolo de Internet.

Em outubro de 2006, o NIC.br anunciou a parceria com o LACNIC para se tornar o distribuidor oficial de blocos IPv6 no Brasil, permitindo maior autonomia no fornecimento de endereços IP e ASNs para os brasileiros [1]. Logo depois, em outubro de 2008, lançou um website dedicado ao protocolo, o https://ipv6.br/, que até hoje é a principal referência em língua portuguesa sobre o assunto [2]. Essas iniciativas foram seguidas por ações que influenciaram ainda mais concretamente a adoção da nova tecnologia, como o início da troca de tráfego IPv6 no IX.br de São Paulo em 2009, quando tornou-se possível acessar serviços como os do Google, via PTT, pelo protocolo [3].

Podemos lembrar ainda de outras ações do NIC.br, como o lançamento de um validador para IPv6 em 2011 e a participação no teste mundial do IPv6, o World IPv6 Day [4]. Divulgamos fortemente o protocolo criando a Semana IPv6, quando sites brasileiros relevantes passaram a funcionar também com o novo protocolo, como um teste, o que foi realizado de forma concomitante com a Campus Party em 2012, evento de tecnologia que também disponibilizou o IPv6 em sua rede para os participantes [5]. Realizamos ainda uma série de reuniões com especialistas de diversos setores, que culminou com a divulgação de prazos para a disponibilização de conectividade IPv6 por operadoras brasileiras [6] e posteriormente com a criação de um grupo de trabalho liderado pela Anatel, que formalizou um compromisso de adoção da tecnologia com as maiores operadoras de telecomunicações.

A partir de então, o NIC.br continuou a promover a conscientização e a educação sobre o IPv6, oferecendo eventos como o "IPv6 no Café da Manhã" [7] e cursos, como o curso IPv6 EaD, criado em 2013 [8]. Esse compromisso com a educação também se estendeu além das fronteiras nacionais, com o NIC.br levando seu curso de IPv6 para Moçambique, África, em uma iniciativa inédita [9]. Mais recentemente, em 2020, disponibilizamos gratuitamente o Curso de IPv6 Básico a Distância, em formato autoinstrucional, respondendo à urgente necessidade de adoção do IPv6 diante do esgotamento dos endereços IPv4 [10]. 

Esses são apenas algumas das muitas ações do NIC.br com objetivo de incentivar e facilitar a adoção do IPv6 no Brasil. Ao longo dos anos, como os exemplos evidenciam, o NIC.br desempenhou um papel fundamental na promoção do IPv6, para garantir o crescimento sustentável da Internet no país. 

Olhando para essa atuação podemos afirmar que a capacitação profissional tem sido um componente crucial, que merece destaque, com mais de 6200 alunos participando de cursos presenciais sobre IPv6, 4000 em cursos de Boas Práticas Operacionais (BCP ou BCOP) que também abordam o IPv6, e 3800 alunos no curso básico EaD, totalizando cerca de 14000 profissionais capacitados de 2008 a 2023. Toda essa capacitação profissional é realizada com cursos gratuitos, diminuindo de forma significativa as barreiras para a implantação do IPv6 nos provedores e outras organizações.

Além das capacitações, é importante enfatizar que o CGI.br, em 2012 e 2013, publicou resoluções recomendando a adoção do IPv6 e estabelecendo metas claras para essa transição [11] [12]. Essas recomendações formais do Comitê Gestor, em seu papel de definir diretrizes para o desenvolvimento da Internet no país, dentro de uma perspectiva multissetorial de governança, sublinha a necessidade da implantação da tecnologia para a modernização da infraestrutura de Internet no Brasil e também a importância do país estar alinhado com as práticas globais.

Outro dado relevante é que 97,6% das redes brasileiras já têm endereços IPv6 alocados pelo Registro.br [13]. Esse número, compartilhado por Ricardo Patara, gerente de recursos de numeração do Registro.br, da mesma forma que o resultado da medição do Google que motivou o presente artigo, também evidencia o progresso significativo do país na adoção do IPv6.

Para os usuários interessados em verificar a disponibilidade do IPv6 em suas redes ou em sites específicos, o NIC.br oferece hoje o site https://top.nic.br/. Esta ferramenta não apenas testa a disponibilidade do IPv6, mas também avalia a aderência a outros padrões e tecnologias importantes para a saúde e eficiência da rede.

É importante ressaltar que o IPv6 é um caminho sem volta. A Internet está migrando para o IPv6. O IPv6 já é considerado o protocolo padrão, atual, da Internet. O funcionamento da Internet com o protocolo legado, o IPv4, depende de uma série de paliativos, como o uso do NAT nas residências e empresas e do CGNAT na rede dos provedores. Esses paliativos tornam a Internet mais suscetível a falhas, mais cara e mais lenta. A migração para o IPv6 é necessária e é importante que empresas e organizações de todo tipo, que tenham sites, aplicativos, e serviços disponíveis na Internet, façam a sua parte! É importante também que o usuário esteja atento ao contratar o acesso à Internet e comprar dispositivos que a utilizem, como smart TVs, roteadores wifi, câmeras de segurança, etc.

Ao longo dos anos, o NIC.br tem lançado várias iniciativas e recursos para facilitar a transição para o IPv6 na Internet. Desde a distribuição oficial de blocos no Brasil até a promoção de treinamentos, cada ação tem contribuído para o fortalecimento da infraestrutura de Internet no país e para a conscientização sobre a importância do IPv6. Este marco de 50% de adoção do IPv6 no Brasil é mais do que um número; é uma celebração do progresso, da inovação e da colaboração. A comunidade técnica brasileira, em particular os provedores de Internet, merecem um enorme e sonoro parabéns, por seu papel fundamental nessa conquista. À medida que o país continua sua jornada rumo à adoção total do IPv6, é crucial que empresas, organizações e usuários finais reconheçam a importância dessa transição e seu papel nela, contribuindo para o futuro da Internet. À medida que celebramos este marco, também olhamos para o futuro, antecipando os próximos passos nessa jornada contínua em direção a uma Internet mais acessível, segura e preparada para as demandas do amanhã. Há muito trabalho pela frente! 


Antonio Marcos Moreiras
Gerente de Projetos e Desenvolvimento no Ceptro.br, do NIC.br.
29 de fevereiro de 2024

Referências:


[1] https://nic.br/noticia/releases/nic-br-torna-se-distribuidor-oficial-de-blocos-ipv6-no-brasil/ 

[2] https://nic.br/noticia/releases/ceptro-br-lanca-website-sobre-ipv6-versao-atualizada-do-protocolo-internet/ 

[3] https://nic.br/noticia/releases/aumenta-o-trafego-ipv6-no-pttmetro-sp/ 

[4] https://nic.br/noticia/releases/nic-br-lanca-validador-para-ipv6/ 

[5] https://nic.br/noticia/releases/nic-br-promove-semana-ipv6-durante-a-campus-party-2012/ 

[6] https://nic.br/noticia/releases/operadoras-divulgam-prazos-para-disponibilizacao-de-conectividade-ipv6/ 

[7] https://nic.br/noticia/releases/nic-br-convida-gestores-de-ti-para-conhecer-e-discutir-a-implantacao-do-ipv6/ 

[8] https://nic.br/noticia/releases/nic-br-oferece-curso-a-distancia-sobre-ipv6/ 

[9] https://www.nic.br/noticia/nicbr-e-simile-realizam-curso-de-ipv6-em-mocambique/ 

[10] https://www.nic.br/noticia/curso-ipv6-basico-distancia-esta-disponivel/ 

[11] https://cgi.br/resolucoes/documento/2012/007/ 

[12] https://www.cgi.br/resolucoes/documento/2013/033/ 

[13] https://forum.ix.br/files/apresentacao/arquivo/1736/04.pdf 

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